3 conselhos preciosos pra você não ser manipulado nessa eleição

31.8.10


Estamos bem próximos das eleições de 2010, e como você já deve saber, algumas igrejas evangélicas (e também católicas) têm como costume ceder o púlpito para candidatos discursarem. Toda véspera de eleição é comum ver o altar se transformar em palanque e as portas dos templos se abrindo para toda espécie de manipulação.
Acontece que esta prática é criminosa, pois segundo a Lei 9.504/97 e de acordo com o artigo 13 da resolução 22.718/2008, do Tribunal Superior Eleitoral, fica proibida toda e qualquer propaganda eleitoral dentro de templo. A lei entende que os templos são espaços de acesso comum e não devem ser usados como palanques eleitorais.
Portanto além de soar este alerta, quero também expor 3 conselhos preciosos para você não ser manipulado nessa eleição. Confira!

1- Tenha consciência crítica:

O desenvolvimento da racionalidade proporciona aos indivíduos uma ampliação da sua visão de mundo; E, através dessa ampliação, os indivíduos conseguem maior capacidade decisória e tornam-se assim protagonistas da própria história.
Um indivíduo provido de consciência crítica, necessariamente não precisa ter acesso a grande quantidade de informação (se bem que ajuda), mas sim precisa saber correlacionar as informações que recebe, e mais importante, encontrar os furos contidos nas informações parciais e ou incompletas.
É preciso buscar além da informação, também as intenções e ideologias políticas que estão por trás do informante ou do veículo de informação.
Portanto não forme sua opinião a partir de boatos e especulações sobre determinado candidato(a), tais como aqueles que dizem que alguém é comunista, terrorista ou ainda aqueles que dizem que determinada pessoa é satanista e sacrifica criancinhas.
Sempre questione os fundamentos que se baseiam determinada informação e desconfie de discursos religiosos que diretamente ou indiretamente tentam apontar os “candidatos de Deus” e os “candidatos do diabo”.
A consciência crítica, contudo não é sinônimo de pensamento niihilista, o qual desacredita de tudo que vê e ouve. Ela pressupõe, contudo, uma visão mais abrangente do mundo que o cerca e uma visão menos ingênua da realidade, sabendo inclusive que líderes religiosos por vezes fazem conchavos com candidatos em troca de futuros favores políticos.

2- Exercite a autocrítica:

A autocrítica refere-se à capacidade interna do indivíduo de realizar uma crítica de si mesmo. Ela implica na análise de seus atos, de suas crenças, da sua maneira de agir, dos erros cometidos, das possibilidades de mudar de opinião e realizar uma autocorreção.
Desta forma o sujeito se aprimora. Esse mecanismo é inerente ao processo de autoconhecimento – o ser conhece a si mesmo – examina suas opiniões formadas ao longo de sua vida e a partir daí verifica se de fato ela possui fundamento ou se a mesma foi formada a partir de falácias.
A origem da palavra falácia [falaz] remete à idéia do deceptivo, do fraudulento, do ardiloso e do enganador. Uma afirmação falaciosa pode ser composta de fatos verdadeiros, mas sua forma de apresentação leva a conclusões erradas. Ela é um argumento logicamente inconsistente, inválido, ou falho na capacidade de provar eficazmente o que afirma; São argumentos que se destinam à persuasão e podem parecer convincentes para grande parte de um público alvo, mas não deixam de ser falsos por causa disso.
Reconhecer as falácias é por vezes difícil, e elas estão espalhadas por toda parte, pois tais argumentos podem até ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas nunca possuem uma validade lógica, genuína e verdadeira.
Há vários tipos de falácias, mas um dos tipos mais comuns em época de eleição é o “Apelo ao Povo” (Argumentum ad populum); Este tipo de falácia consiste em apelar a uma grande quantidade de pessoas, para persuadir o ouvinte ou leitor, através da geração de uma falsa legitimidade das ações de uma pessoa.
Exemplo: “A maioria das pessoas acreditam em alienígenas, portanto eles existem.”, “Inúmeras pessoas usam essa marca de roupa; portanto, ela possui um tecido de melhor qualidade”, “A Igreja XYZ tem muitos membros, pois Deus está se agradando dela e da sua liderança”, “Este canditato tem muita popularidade e isso mostra que ele é um bom candidato”.
Outro tipo comum de falácia é o “Apelo à autoridade” (Argumentum ad Verecundiam); Este argumento consiste no apelo a alguma autoridade já reconhecida para legitimar uma premissa qualquer.
Exemplo: “A pastora é uma mulher de Deus e apoia esta candidata, logo ele também é de Deus”, “O pastor é homem de Deus e disse que aquele candidato é satanista, logo isso deve ser verdade.”
Para Descartes, famoso filósofo, físico e matemático francês, ele considerava a evidência como o critério da verdade e por vezes descobrimos que opiniões são formadas sem que haja qualquer evidência da informação. Acredita-se em algo tão somente porque alguém respeitável disse ou porque muitas pessoas já acreditam naquela informação.

3- Seja seletivo quanto a fonte de informação:

Os números divulgados pelo Datafolha apontam que 25% dos brasileiros são evangélicos, e isso significa nada mais nada menos, que os protestantes representam um quarto do eleitorado brasileiro.
Esse número pode crescer mais ainda pelo grande acesso que a população esta tendo com a exposição de programas evangélicos, os quais ganham cada vez mais espaço na mídia nacional, assim como a entrada no mercado “secular” de músicas e filmes gospel, uma aceitação que vem descortinando para o povo o que é realmente ser evangélico, e como é a vida de quem aceita o Senhor Jesus como Senhor e Salvador.
Os evangélicos já são 25% dos brasileiros, sendo 19% seguidores de denominações pentecostais, segundo levantamento concluído em março pelo Datafolha.
Ainda não há pesquisas de intenção de voto segmentadas por religião na corrida presidencial, mas já é de se esperar que o eleitorado evangélico seja decisivo para qualquer corrida eleitoral e com isso aumenta a preocupação quanto a manipulação da massa pelos líderes religiosos.
Em Julho/2006, alguns meses antes das eleições, participei do congresso nacional de batalha espiritual, realizado na igreja Bola de Neve em SP e organizado pelo Ministério Ágape Reconciliação de Neuza Itioka.
Nesse congresso, para minha surpresa e para surpresa das pessoas que me acompanhavam, pudemos verificar alguns dos palestrantes do evento, incluindo a própria Neuza Itioka, que no meio de suas palestras mostravam-se claramente contrários a reeleição de Lula e o acusavam de ter pactos espirituais secretos. Ao passo que um dos apóstolos presentes lançava sua candidatura para deputado federal e dizia-se chamado por Deus para guerrear espiritualmente na câmara dos deputados.
Fato é que tal apóstolo perdeu as eleições de 2006 e na época diziam que a reeleição de Lula era um perigo para o Brasil, pois por pouco Lula, em seu primeiro mandato, não havia aberto “brecha” ao Dragão Chinês, o qual segundo a opinião dos palestrantes, este era um demônio poderoso que causaria grandes estragos na economia Brasileira, caso conseguisse entrar. Sendo que tal “dragão”, de acordo com a opinião de um palestrante, somente foi barrado graças aos proféticos realizados por ele e sua equipe.
Antes de encerrar quero deixar claro que não sou partidário do PT, o que não quer dizer que sou apolítico. Pelo contrário, tenho sim uma opinião política formada e escrevo este artigo exatamente para que por meio do despertamento uma consciência crítica e do exercício da autocrítica meus leitores tenham uma visão mais abrangente do mundo que o cerca e uma visão menos ingênua da realidade.
Seja seletivo quanto a sua fonte de informação, pois as pessoas citadas nesse congresso podem até ser grandes homens e mulheres de Deus, mas no que diz respeito a suas opiniões políticas precisamos ouvi-las com consciência crítica, a fim de aprimorar nosso discernimento.
É preciso também ter cuidado com argumentos falaciosos, os quais podem até ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas sem nenhuma validade lógica verdadeira.
Nessa corrida eleitoral de 2010 escolha bem o seu candidato. E pra encerrar eu volto a repetir que Igreja não é curral eleitoral! Lembre-se disso e não permita que façam isso em sua denominação!
Para denunciar a manipulação e politicagem em sua igreja, basta procurar a delegacia ou o cartório eleitoral mais próximo.
Belo Horizonte, 15 de Agosto de 2010.
Mariel M. Marra

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