Um Deus racista nas igrejas

17.5.10

Texto em homenagem ao dia 13 de Maio, aniversario da Lei Áurea

Um dos maiores problemas da nossa sociedade é o racismo que, desde o século passado, seus paradigmas são sócio-culturais e históricos, e não mais com base na variante biológica.

E para tão grave problema, tão grave silencio, o das igrejas evangélicas. Triste silencio está em consonância com o silencio da mídia conservadora, elitista, branca e monopolista brasileira. Não interessa pra ela discutir a questão, e sim continuar tirando nossos negros pra relações subalternas, nem sempre harmoniosas. Mas, contra tudo isso, um debate que envolve pensamentos, ideologias e filosofias diferentes forma uma pluralidade social que se esforça para enfrentar este problema discutido políticas publicas não apenas macrossocias e universalistas, mas especificas, e as igrejas evangélicas infelizmente assistem a tudo do lado de fora.

É bem conhecida a indiferença de muitas de nossas igrejas evangélicas quanto às questões sociais. A palavra social, jogada no meio da cristandade, acontece um “milagre”, ela vira uma cesta básica, quase sempre com um apelo evangelístico. Afinal, a igreja tem um papel: evangelizar. Mas não se evangeliza apenas com medidas assistencialistas dentro de um invólucro da fé, e sim com participação ativa em propostas focadas e especificas, como a questão das cotas nas universidades. A igreja chamou um preto como eu e tantos outros jovens de pele escura ou mestiça, historicamente injustiçados, para discutir essa questão? Não chamou! Se o fizesse, estaria praticando uma evangelizaçao implicita, se engajando de fato, com inteligencie e seriedade, e ao mesmo tempo lutando para reparar injustiças sociais históricas, muitas delas cometidas em nome de Deus!

Pensando no porque da maior parcela da cristandade virar as costas à luta contra o racismo, surgiu-me a teoria do “Deus racista” Trata-se de fantasmas chamados “Um Deus branco” “Um Jesus loiro de olhos azuis” que estão no subconsciente de muitos cristãos, quando estes deixaram de vê-los no catolicismo. Como se livrar da imagem necessária de um Deus? A igreja sabia que a imagem ajuda a fundamentar a fé, e hoje sabe mais ainda que representação visível de um Deus ajuda também a ativar áreas do cérebro ligadas à fé , e, como a bíblia afirma que somos imagem e semelhança de Deus - o somos em caráter e personalidade - a igreja católica vomitou de suas estranhas o racismo predominante à época e pintou um Deus branco, um Jesus loiro...Ora, um Jesus assim é absurdo, nao era nao preiso a BBC de Londre mostrar um longo documentario levantando a hipotese de um Jesus de pele escura, tendo em vista a regiao onde nasceu. É um absurdo, porque como poderíamos escondê-lo no Egito, fugindo da perseguição de Herodes? Sabe-se que o Egito e um pais africano predominado por um povo de pele não clara, sendo assim, esconder um menino loiro lá seria uma ato pouco, muito pouco inteligente. A igreja foi muito pouco inteligente no " Deus branco", mais o racismo se encarregou de espalha-lo pelo mundo afora.

Contudo, nos nossos dias, homens tão inteligentes quanto Mel Gibson, ainda escrevem e dirigem filmes com o sucesso mundial, a Paixão de Cristo, onde vemos um Jesus branco.

Um Deus assim, representando quer seja na arte genial no afresco de Michelangelo na “criação de Adão” na capela Sistina, Roma, quer seja num livro qualquer ou em uma imagem, é uma reafirmação racista! A mãe de Jesus e Jesus idem.

Portanto, as possibilidades dos cristãos participarem da "luta" antirracista são diversas, mas se alguém aqui, quando ora ou pensa em Deus, ainda enxerga um Deus branco lá no fundo, está no caminho errado. Sabemos que “Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" João 4: 24. E, nesse dia de empenho contra o racismo, em que lembramos a assinatura da Lei Áurea, pensemos em um Deus de amor, que ama a todos sem distinção de cor, mas pensemos mais ainda em engajamento político como forma de combater injustiças e de evangelizar também. A igreja do futuro terá que discutir seriamente questões que estão desesperando o mundo, porque a concorrência entre elas vai se acirrar, e a sociedade vai exigir mais e mais delas.



Moisés Nazareno

www.moisesnazareno.blogspot.com

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